CORDÉIS PER TUTTI
Um pouco de inspiração da rica cultura nordestina do Brasil.
O Cordel é uma poesia metrificada, rimada e popular, muito utilizada e divulgada no Nordeste brasileiro principalmente. Versando sobre vários assuntos, hora em caráter didático e educativo, hora em tom de sátira e entretenimento, as obras dos poetas cordelistas são composições preciosas, inteligentes, e inspiradoras. Cordel é uma Arte, que cedo ou tarde viria influenciar a Troupe Per Tutti em nossa pesquisa de comédia.
Chapéus de couro do Nordeste, muito usados pelos cangaceiros (acervo Per Tutti)
Com vocês, um cordel original, em redondilha menor (versos com cinco sílabas poéticas), por Alexandre Cartianu.
A PELEJA DA CRIANÇA
Zé Pedro era neto
Do avô de Lampião
E tinha o projeto
De imitar o irmão
Sem qualquer afeto
Juízo ou perdão
Chegou na cidade
Com jegue alugado
Tendo a validade
Seu prazo expirado
E, sem novidade
O dono enfezado
Numa valentia
Livrou de Araquém
Moça que teria
Roubado um neném
De uma rica tia
Vivendo em Belém
Araquém correu
Pra mãe da criança
Assim que perdeu
Da moça esperança
A rica lhe deu
Poder de matança
Mandou seu valente
Sobrinho matar
Zé Pedro insolente
E a moça encontrar
Mas ela inocente
Com Zé quis casar
A moça donzela
Bem preocupada
Pediu na capela
Ao Zé ser vingada
De quem tirou dela
A casa herdada
O jegue fugiu
Pra além do quintal
E o casal saiu
Atrás do animal
Bebê ninguém viu
Chorou pelo mal
Então quem chegou
Em busca do Zé
Que nunca pagou
Seu jegue Café
Criança escutou
E foi ver quem é
O dono do bicho
A bola da vez
Não tinha capricho
Emprego? Talvez...
Morava num lixo
Chamava Juarez
Sem demora vem
Pegar de surpresa
Cruel Araquém
Que vê com certeza
O Zé com neném
De bruço na mesa
Mirou seu fuzil
O perseguidor
A bala atingiu
Raspando o impostor
Que quase caiu
De susto e pavor
Pra não padecer
Nas mãos do assassino
Nem pagar pra ver
Um triste destino
Sequestra sem ser
Ladrão de menino
Fugiu todo aflito
Mas eis que, sem ver
A moça, num grito
Zê Pedro faz crer
Que aquele maldito
Seu filho quer ter
O Zé, furioso,
Com muito armamento
Persegue o medroso,
Dono do jumento
Por ser perigoso
Herdeiro sedento
A moça infeliz
Apressada atrás
Implora aos fuzis
Deixarem em paz
O filho que quis
Tirar de seus pais
Juarez e o neném
No colo trazido
Correndo que nem
Um doido varrido
Lembrava também
Alguém foragido
Viu no rebuliço
Um policial
O seu compromisso
Do dever legal
Honrar Padim Ciço
Prender marginal
O guarda mandou
Aquele ladrão
Parar e levou
Todos na prisão
Onde interrogou
Quem tinha razão
Foi bem esquisito
O questionamento
O autor do delito
Quis trocar jumento
Por bebê aflito
Com tanto armamento
Filho de dois pais
Mãe virgem, solteira
Não amava o rapaz
Herói da herdeira
Confuso demais
Não teve maneira
O guarda prendeu
O burro Juarez
E seu neném deu
Ao Zé de uma vez
A moça perdeu
O esforço que fez
Ficou Araquém
Com jegue Café
Assim a Belém
voltou marcha-ré
A moça por bem
Ao guarda deu fé
Casou-se o casal
A moça e o vigia
Tiveram total
De onze na cria
Mas um marginal
Roubou-lhes um dia
Um filho levou
Sem deixar pegada
Também os deixou
A pobre empregada
Contam que enricou
Da tia abastada
FIM
A PELEJA DA CRIANÇA
Zé Pedro era neto
Do avô de Lampião
E tinha o projeto
De imitar o irmão
Sem qualquer afeto
Juízo ou perdão
Chegou na cidade
Com jegue alugado
Tendo a validade
Seu prazo expirado
E, sem novidade
O dono enfezado
Numa valentia
Livrou de Araquém
Moça que teria
Roubado um neném
De uma rica tia
Vivendo em Belém
Araquém correu
Pra mãe da criança
Assim que perdeu
Da moça esperança
A rica lhe deu
Poder de matança
Mandou seu valente
Sobrinho matar
Zé Pedro insolente
E a moça encontrar
Mas ela inocente
Com Zé quis casar
A moça donzela
Bem preocupada
Pediu na capela
Ao Zé ser vingada
De quem tirou dela
A casa herdada
O jegue fugiu
Pra além do quintal
E o casal saiu
Atrás do animal
Bebê ninguém viu
Chorou pelo mal
Então quem chegou
Em busca do Zé
Que nunca pagou
Seu jegue Café
Criança escutou
E foi ver quem é
O dono do bicho
A bola da vez
Não tinha capricho
Emprego? Talvez...
Morava num lixo
Chamava Juarez
Sem demora vem
Pegar de surpresa
Cruel Araquém
Que vê com certeza
O Zé com neném
De bruço na mesa
Mirou seu fuzil
O perseguidor
A bala atingiu
Raspando o impostor
Que quase caiu
De susto e pavor
Pra não padecer
Nas mãos do assassino
Nem pagar pra ver
Um triste destino
Sequestra sem ser
Ladrão de menino
Fugiu todo aflito
Mas eis que, sem ver
A moça, num grito
Zê Pedro faz crer
Que aquele maldito
Seu filho quer ter
O Zé, furioso,
Com muito armamento
Persegue o medroso,
Dono do jumento
Por ser perigoso
Herdeiro sedento
A moça infeliz
Apressada atrás
Implora aos fuzis
Deixarem em paz
O filho que quis
Tirar de seus pais
Juarez e o neném
No colo trazido
Correndo que nem
Um doido varrido
Lembrava também
Alguém foragido
Viu no rebuliço
Um policial
O seu compromisso
Do dever legal
Honrar Padim Ciço
Prender marginal
O guarda mandou
Aquele ladrão
Parar e levou
Todos na prisão
Onde interrogou
Quem tinha razão
Foi bem esquisito
O questionamento
O autor do delito
Quis trocar jumento
Por bebê aflito
Com tanto armamento
Filho de dois pais
Mãe virgem, solteira
Não amava o rapaz
Herói da herdeira
Confuso demais
Não teve maneira
O guarda prendeu
O burro Juarez
E seu neném deu
Ao Zé de uma vez
A moça perdeu
O esforço que fez
Ficou Araquém
Com jegue Café
Assim a Belém
voltou marcha-ré
A moça por bem
Ao guarda deu fé
Casou-se o casal
A moça e o vigia
Tiveram total
De onze na cria
Mas um marginal
Roubou-lhes um dia
Um filho levou
Sem deixar pegada
Também os deixou
A pobre empregada
Contam que enricou
Da tia abastada
FIM
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