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Tuesday, May 24, 2011

Palco do Teatro Municipal Carlos Gomes - 1941 - Campinas

pergunta: CAMPINAS TEVE UM TEATRO?????


resposta: É, né... parece que sim... pois é... será mesmo???

Para quem não sabe, a cidade de Campinas, antes de mergulhar no fosso do retrocesso, teve sim muita coisa! Enumeramos algumas:

1. TREM
Campinas era o ponto central do escoamento ferroviário de toda a produção do interior para os portos exportadores de São Paulo e Rio de Janeiro. A Companhia Mogiana, riquíssima, permitiu que o país pudesse comercializar sua produção, gerando grande desenvolvimento, ainda que o sistema produtivo fosse baseado na exploração de trabalho escravo, uma herança cultural que muitos governos, grandes latifundiários, comerciantes e intelectuais brasileiros tentaram apagar. Hoje, as estações de trem de Campinas, as poucas que foram poupadas, sofreram intervenções graves, desrespeitando seu valor histórico e em alguns casos seu estilo.

Camarotes do Teatro Carlos Gomes, pintados com folhas de ouro

2. ÓPERA
Campinas foi a cidade que acolheu e viu crescer o talento musical Antônio Carlos Gomes, o Tonico, filho de outro grande compositor brasileiro, Manuel José Gomes. Este, mestre-de-capela, conquistando o merecido respeito da sociedade campineira, além de legar ao Brasil um trabalho primoroso de registro e produção musicais, formou dois filhos grandes compositores, dos quais Antônio Carlos Gomes levou, para a Itália e para o mundo, o nome do Brasil na produção musical operística de alta qualidade. Em gratidão, a cidade demoliu a casa na qual Carlos Gomes cresceu, e recusou-se a apoiá-lo quando retornou da Itália, falido. O grande compositor, por este motivo, foi para Belém, a convite do governador, e lá foi homenageado e cuidado até sua morte.

3. CULTURA

Teatro Municipal Carlos Gomes, em sua inauguração - inspirado na Ópera de Paris

Campinas era uma cidade moderna e privilegiada culturalmente, distribuindo para o resto do país, em primeira mão, as novidades que vinham da Europa. Cidade rica, dos grandes barões do Café, Campinas reunia tanto intelectuais da ciência, como Hercule Florence e Alberto Santos Dumont, quanto estadistas e políticos de importância nacional, como Campos Sales e Heitor Penteado. Atualmente, a política cultural de Campinas é extremamente modesta. A situação precária dos poucos museus da cidade, ainda ativos, é um retrato dessa política.

4. QUALIDADE DE ENSINO
Talvez tenha sido esse um dos grandes atrativos de Campinas para que nomes como Florence e Santos Dumont se estabelecessem aqui. Santos Dumont, o inventor brasileiro de prestígio internacional, educou-se em Campinas, no Colégio Culto à Ciência. Hoje, o ensino de Campinas é representado em qualidade pela UNICAMP, que atrai alunos de todo o país e do mundo. No ensino fundamental e no médio, Campinas não se destaca como outrora.

Jardim instalado no interior do Teatro Carlos Gomes
5. TEATRO MUNICIPAL
O Teatro São Carlos, demolido em 1922 para dar lugar ao Teatro Carlos Gomes, inaugurado em 1930, mostrou o interesse do campineiro por cultura e arte. O novo teatro representou a capacidade de acomodar mais público, oferecendo 1.300 lugares e grandiosos espetáculos em um ambiente de muita riqueza. Demolido pelo prefeito Ruy Novaes, o teatro foi, antes, dilapidado, restando apenas o grande candelabro de cristal que, atualmente, está seguro dos bandidos no salão nobre da Escola Preparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Sob o argumento de que o Teatro Carlos Gomes oferecia risco de desabar, a cidade destruiu em
1965 um teatro que até então não teve mais interesse político de possuir.

6. CIRCO
Muitos circos passaram por Campinas, quando a vida cultural aqui fervia. A cidade, todavia, passou por uma grave epidemia, perdeu quase toda a sua população, e deixou de receber gente por muitos anos. Assim, São Paulo começou a se desenvolver, enquanto Campinas ficou retraída, reduzida às suas famílias tradicionais, e distante das decisões e fatos importantes no cenário nacional. Também a história racista de Campinas, seu passado escravocrata, repercutiram no seu grande atraso durante o século XX, bastando dizer que foi a última cidade do país a abolir a escravidão. Nesse contexto, e pela dificuldade tanto de conseguir autorização quanto de reunir público, hoje a cidade rarissimamente recebe visita de circos.

Lustre francês remanescente do Teatro Carlos Gomes, agora no salão nobre da Escola Preparatória de Cadetes do Exército

7. CINEMA
Campinas era repleta de casarões e espaços culturais, e muitos deles, como o Colyseu Taurino, foram cinemas de grande público e sucesso. Infelizmente, a cidade abandonou essas casas de cinema. Muitos foram demolidos para virar estacionamento, alguns tornaram-se igrejas. Hoje, os cinemas de Campinas concentram-se nos shoppings, a preços impopulares.

Vista do palco, do Camarote Superior do Teatro Carlos Gomes, todo iluminado

8. RINK DE PATINAÇÃO
Campinas teve um Rink de Patinação no seu centro, à rua Conceição! Lá, além de patinação, muitos bailes e espetáculos foram realizados. O local foi incendiado, e nunca
mais voltou a ser um espaço cultural para o povo.

9. TECNOLOGIA

A cidade foi uma das primeiras a receber energia elétrica no Brasil! Os bondes eram um transporte comum, que ligava toda a cidade. Os primeiros automóveis do Brasil também começaram a circular em Campinas! Atualmente, essa história foi esquecida, os bondes foram eliminados, dando lugar a uma frota de ônibus lenta, ineficiente, com trajetos que superam 1h de viagem! As passagens, todavia, não são baratas.

A trágica demolição do teatro, iniciada de madrugada, e que levou dias para ser concluída. A população comentou, na época, que o dono de uma grande loja, ao lado do teatro, pagou uma quantia milionária ao prefeito para que o teatro fosse derrubado, a fim de não encobrir a fachada do negócio - atual Loja Renner.
As fotos deste tópico estão disponíveis na internet, em diversos sites, com artigos muito interessantes!

Vamos pesquisar, divulgar e conhecer nossa História, mesmo que tentem apagá-la de nossa memória!

Interior do Teatro Municipal Castro Mendes, atualmente - este, minha gente, é o teatro de Campinas HOJE (março de 2011 - foto: Luiz Granzotto)

1 Comments:

Anonymous DENISE MARICATO said...

Alexandre, seu blog é muito lindo !
Esta postagem está primorosa, amigo... parabéns !!

8:05 AM  

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