Folhetim, o jornalzinho acadêmico de bolso mais informal do que Alexandre Cartianu pedalando em Barão Geraldo,
depois de seu imenso sucesso na UNIMEP
depois de seu imenso sucesso na UNIMEP
apresenta
Os Poetas de Folhetim
* Uma Antagonia Poética *
(textos produzidos em 2008)
por
Osmildo Gordonha
Clara Terceto
Vilfredo Cáspio
*
Muitos poetas se matam de tédio,
Remédio se falta palavra
Na safra de uma cabeça
Avessa à inspiração.
Muitos poetas desabam em choro
Sem foro pra todo esse medo,
Segredo então revelado:
Finado é seu coração.
Muitos poetas, ao verem bloqueio
Que veio assim, de repente,
Na mente há pouco sagaz,
Em paz nunca ficarão.
Muitos poetas são mesmo cretinos
Albinos não saem da gruta,
Labuta quase não existe.
É triste não ser gozação.
E sofrem demais, sensíveis, sem mais,
Por causa de coisa ridícula!
Escrevem besteira até dar coceira.
Se coçam, é com a cutícula.
De tanta tortura, me causa tontura
Saber que o motivo é a flor.
Não há nada além do cheiro que tem:
É só mais um reprodutor.
Se fosse diverso, um vivo universo
Criando, sem fim, movimento
Assim agradava a mim e me dava
Razão para divertimento.
Muitos poetas, lamento, patetas,
Jamais me entenderão...
Osmildo Gordonha - poeta ensaiísta
Remédio se falta palavra
Na safra de uma cabeça
Avessa à inspiração.
Muitos poetas desabam em choro
Sem foro pra todo esse medo,
Segredo então revelado:
Finado é seu coração.
Muitos poetas, ao verem bloqueio
Que veio assim, de repente,
Na mente há pouco sagaz,
Em paz nunca ficarão.
Muitos poetas são mesmo cretinos
Albinos não saem da gruta,
Labuta quase não existe.
É triste não ser gozação.
E sofrem demais, sensíveis, sem mais,
Por causa de coisa ridícula!
Escrevem besteira até dar coceira.
Se coçam, é com a cutícula.
De tanta tortura, me causa tontura
Saber que o motivo é a flor.
Não há nada além do cheiro que tem:
É só mais um reprodutor.
Se fosse diverso, um vivo universo
Criando, sem fim, movimento
Assim agradava a mim e me dava
Razão para divertimento.
Muitos poetas, lamento, patetas,
Jamais me entenderão...
Osmildo Gordonha - poeta ensaiísta
À Flor
Minguado organismo
Do paisagismo,
A flor é um pingo de cor
Comido por bichos
Chamados dos lixos
Devido a um fraco odor.
A flor em quintais,
Eventos formais,
É causa de felicidade,
Mas logo definha
E a erva daninha
Perece sem deixar saudade.
Por que as pessoas
Românticas, boas,
Odeiam este frágil ser?
Por certo o mato
A todas é grato.
É feio, mas pode crescer!
Osmildo Gordonha - poeta ensaiísta
"Existem muitos peixes no mar"
Dizem todos ao ex-namorado.
Porém quais peixes namorar
Sem morrer na praia, afogado?
Tem lá os peixes normais,
Que matam com a boca apenas,
A isca, o balde, e mais
Devoram de seu mecenas!
Os peixes frescos são chatos,
E nunca estão satisfeitos:
Exigentes demais os ingratos,
Mas repletos de defeitos.
Tem peixe que é bem arisco
E incrivelmente escorrega.
Não quer correr qualquer risco
E nem no prato se entrega.
Outros peixes são venenosos:
Até na língua trazem espinho!
Infelizmente, efeitos danosos
Só vêm com o último vinho.
Que há muitos peixes no mar
É sabido que não aposto.
Mas são tantos de estragar
Que de peixes já não gosto!
Osmildo Gordonha - poeta ensaiísta
C lar aTe r ceto
(a nova pioneira estilosa da poemística futurista, rsrsrs)
***
SONETO
SONETODE
So NETO DE
SO NETO DE MEUAVO
SOM E TODEM EU AVO
SOME TODEMEU AVO
SOME TODO AVO
SO METO DOO
SO TODO O
SOTO DO
SODO
O
:P
***
ECO_________________________________________________ECO
ECO_____________________________________ECO
ECO________________________ ECO
ECO_____________ ECO
AAAAAAAAAAAHHHH ECO_____ECO HHHHAAAAAAAAAAA
ECO_____________________________________ECO
ECO________________________ ECO
ECO_____________ ECO
AAAAAAAAAAAHHHH ECO_____ECO HHHHAAAAAAAAAAA
***
***
Todo dia eu lavo o dente, como e durmo
Todo dia é tanto igual que tem vez que n
ão faço valer o dia, Não faço o que gosto,
não faço o que preciso gostar de fazer E
não fazendo, não aprendo, e não aprende
ndo, eu paro Parada, todo dia, mesmo as
sim Eu lavo o dente, como e durmo
Parada em movimento, passando a vida
Todo dia
Sem ponto
Todo dia é tanto igual que tem vez que n
ão faço valer o dia, Não faço o que gosto,
não faço o que preciso gostar de fazer E
não fazendo, não aprendo, e não aprende
ndo, eu paro Parada, todo dia, mesmo as
sim Eu lavo o dente, como e durmo
Parada em movimento, passando a vida
Todo dia
Sem ponto
***
Esse mundo é cheio de fala, cheio de mente e de nome
Nome pra tudo o que há, coisas simples com palavras compostas
Anexos lingüísticos que cobram para revelar, enquanto que a imagem
Que é uma só
Continua universal
Para que tudo isso? Tanta palavra que não se usa
a menos que a imagem apareça?
Para que a palavra
Se no silêncio da meditação
A imagem que visualizo já me diz tudo o que procuro?
**8
Vilfredo Cáspio
Um rompante de lirismo no labirinto de minhas profusas exaltações, ou
As breves letras poéticas de uma temível pluma ligeira ainda que cansada, ou
Divagações augustas despertas pela sedutora convocatória de uma alma em borbotões, ou
Poemas despretenciosos bastante pretenciosos
Aquele excepcional módico objeto
Precipitado da abóbada cerúlea
É não mais que diminuto projeto
Com robustez de potência hercúlea
Solerte de arrotear o minério
Mais rijo de que se produz nota
No feitio, qual perene mistério
No contato, uma carícia devota
Impresso, compila um ponto
Ao topo de tipo excelente
Outorga um assento e, pronto,
Tendo tonicidade patente.
De corpo é enxuto e cabal,
No centro do termo "domingo",
Condensado produz temporal:
Eis destrinçado o pingo.
Obra do Ilmo. Servo das Literaturas, Sr. Vilfredo Cáspio, célebre romancista prolixo e descritivista, sem contudo abandonar a sua sucintez típica e inesquecível
SONETINHO DE MINHA AVÓ
Em profesta jornada radiante
Minha pessoa percebe ditosa
Figura de suave semblante
Ataviando arrabaldes de rosa.
Deslumbrada a vista, em meio
À copiosas lágrimas emotivas,
Detenho meu ledo passeio
Contemplando a musa das divas!
Intrepidez pujante emprego
Que sobeja minha inerrância
E à ela, apráxico, entrego
Ramilhete de parca fragrância,
Ao que me retorque, com ego:
-Não transijo ribombância!
Obra do Egrégio Estandarte das Literaturas, Sr. Vilfredo Cáspio, famoso romanceador minuciosamente detalhista, ainda que alerta permanentemente quanto à concisão de tão nobre linguagem
Soneto
ESTAVA TÃO ALTERADO QUE NÃO ME RECORDO O MOTIVO DA IRA
ou apenas
MINHA BRILHANTE RESPOSTA
Aviltado, eis que ligeiro
Enfático vem interpor
Colóquio não lisonjeiro
Fidalgo de grande furor
À minha singela palestra
Acerca de fato notório
Que ali mesmo se orquestra
Num sublime geral falatório
Afronta de tal ousadia
Jamais permiti conceber
De tão hedionda heresia
Dei-lhe vislumbre insosso,
Fulminando seu ego a valer
Qual o cão faz a um osso.
Obra do Fuzilânime Balaustre da Cátedra, Sr. Vilfredo Cáspio, auspicioso romanceiro literato intelectualóide, comprometido com a seiva de suas veias pela sucintez de seu talento ímpar
Para mais informações e reclamações sobre FOLHETIM, o irredutível jornalzinho de bolso mais informal da universalidade, escreva para: osmildogordonha@yahoo.com, ou mande uma carta contendo qualquer quantia em dinheiro para o mesmo endereço.
A equipe poética de Folhetim agradece a preferência!