De TUDO um pouco... mas nem tanto!

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Friday, December 26, 2008

Os Poetas de Folhetim

* apresentam *

o Nat A l dE cL arA T eRC eTo

POESIA e CONTO
Na
tal
já é?
sim
O
natal
é tempo
de calor
que sufoco
o engarrafamento
De estaçã o
com dia longo
em novo horário
tempo que não passa
muito duro de acertar
De alt a
temporada
grandes filas
e altos temporais
de muitas enchentes
e muito banho de suor
e muito mais banho de loja
De fim de um an o
Outro aniversário
de altas nos preços
e baixa no auto-apreço
No mais é sempre o mesmo
Mais se consome, mais fome
de novidad e
De multicultura
migram os turistas
para fotografar a gente
que quase se pensa diferente
Turismo a rod o
poluindo como nós
cozinhando na praia
Sendo enganado nas lojas
Comendo comida velha estragada
Sendo comido à noite pela mosquitaiada
Todos desconfortáveis, queimados, cansados
Vermelhos que nem um tomate, ridiculamente e
ex
tra
or
di
na
ria
mente mui
to Feli
zes



A Árvore ------------- por Clara Terceto

No início era só uma semente, que não sei como foi longe
E caiu em um fim de mundo, mais do que distante de casa
Uma semente esquecida, no meio do mato e do chão
Aí eu nasci, rompi a casca, cresci para fora do planeta
E fui ganhando altura, e saúde, e com mais saúde, mais altura
Eu bebia água e luz do sol, e me alimentava de meus pés, bem fincados no nutritivo planeta
E fiquei forte, bonita, vistosa como dizem, me ramificando por toda a redondeza
Distribuindo sombra para meus filhos e pés, copa para os pássaros que me povoavam, raízes com aquele lugar
Outras espécies surgiram, não sei como... acho que foram os pássaros que trouxeram consigo visitas
Visitas que foram ficando, morando comigo, crescendo e tendo seus filhos, que brincavam com os meus
Espécies de vários lugares, novas, conhecidas de longe, que agora eram minhas companheiras
E assim foi, na minha vida agitada, no meu dia-a-dia povoado de clima, de bichos, cores, aromas, e verdes de todos os tons
Eu nunca parei de buscar o céu, mais luzes, mais nutrientes... meus pés me duplicaram, e minhas novas folhas já levavam meus braços para mais sol
Havia espaço para todos no meio de todo aquele canto, daquela música e sons, que atraíram outras vozes
Outros bichos vieram buscar meus pássaros: eram seus nutrientes
Eu abriguei a todos, dos menores insetos aos maiores predadores, que vinham dormir comigo
Porém uma voz assustou a todos, e fugiram
Um bicho novo, atraído pelos outros, talvez
Ou talvez por mim
Ele era grande, pisava nos pequenos mas não comia
Machucava meus amigos, cortava-os pelo meio
Primeiro, sempre os mais jovens, os menores, os que ainda cresciam, e nem ainda tinham filhos
Daí, seus pais, também meus amigos, grandes mas não como eu... eram esguios, coitados
Esse novo bicho não fez tudo isso ao mesmo tempo... Ele veio muitas vezes
Cada vez, matando mais, e com uma garra ainda mais horripilante
Não fossem tantas visitas, meus amigos se desentortariam, voltariam a buscar a luz e a criar filhos
Mas não, o bicho voltou muito, e se ainda não vira um são, ele o achava e decepava, repartia, dividia, e jogava fora
Nunca comera nada, só queria abrir espaço
E abriu, com um inferno: queimou tudo, os pedaços de meus amigos, e ainda o que restava deles e de seus filhos
Com o fogo, ele realmente extingüiu todas as suas vidas e famílias, e histórias... Assou meus pés, e o planeta fumegou, empobrecido, por algum tempo
Assim, o bicho parou de vir... mas dentro em pouco, novamente, ele veio conferir o estrago
Eu, forte, ainda estava em pé, testemunha desprotegida, com minha pele queimada e morta, gritando para que ele fosse embora: assassino!
Pensei que ele ficaria triste com toda aquela miséria, e me deixaria
Mas ele voltou, barulhento, violento, e enterrou em mim sua maior garra. No início, só senti o vibrar, mas minha pele cedeu, e veio a dor
sim, a dor... de não sentir mais meus pés, de perder a seiva da qual minhas folhas viviam e brotavam, seiva que enchiam novas sementes de vida
O bicho parou. Suava. Sentou-se ao meu lado, descansou. Veio um outro, amigo dele, pequeno, correndo, falando alto.
O amigo dele o lambeu. Ele gostou, se abraçaram. O amigo dele dormiu. Depois ele. Então o pequeno amigo acorda.
Fala alto, estranha, chama o bicho ruim, que continua preguiçoso.
O pequeno amigo corre. Foge. É um novo bicho que chega, comprido, que se enrola em mim durante a noite, quando sai.
Ele está assustado, com medo, perdeu sua casa, tem fome. Manda embora o bicho grande, aquele que dorme.
Insiste mesmo, para que ele saia. Ele realmente não é bem-vindo. Fiquei feliz, por ter naquela pequena criatura as palavras que eu tanto queria dizer.
Ela se exauriu, o bicho grande não queria ir. Então, o pequeno o bicou. Ele despertou, com um grande ruído. E mais do que depressa, covardemente, mata o assustado e pequeno ser, indefeso.
O bicho grande verifica sua pata. Muito barulho. Ele esquece sua garra comigo, e corre. E lá longe, ele deita-se novamente. E lá se planta.
Meus filhos morreram todos. Parte de mim se foi com eles. Mas, mesmo pela metade, busquei mais energia, cobri minhas feridas e fiz mais filhos.
E continuei crescendo de lado, rachei, caí, mas vi meus filhos crescerem.
Eles não sabem o que houve. Eles já se acostumaram com a minha cicatriz. Não viram que, durante todo esse tempo, eu escondi a garra do bicho que quase nos matou.
Meus filhos crescem felizes, me dão sombra. Por isso, agora, no fim da vida, estou feliz. Uma vida muito corrida, agitada, mas valeu a pena!


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